terça-feira, 11 de maio de 2010

Queda de preços afeta receita com produção

O recuo de quase 12% nos preços médios da soja e do milho, responsáveis por mais de um terço da receita das principais lavouras brasileiras, fez o governo cortar pela metade a projeção de expansão do valor bruto da produção em 2010.

Nem mesmo o recorde histórico de 146,8 milhões de toneladas da atual safra de grãos, fibras e cereais será suficiente para impedir a contração da estimativa de crescimento do VBP, aponta levantamento divulgado ontem pela Assessoria de Gestão Estratégica do Ministério da Agricultura. A projeção de abril mostra retração no ritmo de crescimento - de 2,32% para 1,14%. Ou seja, a safra cheia deste ano deve gerar receita bruta semelhante à registrada em 2009.

Na melhor das hipóteses, as lavouras nacionais devem gerar um VBP de R$ 160,11 bilhões neste ano, longe do recorde de R$ 165,85 bilhões de 2008. Em janeiro, o governo previa R$ 166,62 bilhões. "Em todos os meses houve reajuste do volume da safra, mas os preços têm caído bastante, principalmente soja e milho", avalia o coordenador-geral de Gestão Estratégica, José Garcia Gasques. "O que mantém o VBP em alta é o volume recorde de grãos, além dos bons preços de café e cana". A projeção mostra uma elevação de 4,5% nas cotações do café em grão e de 6,2% nos preços da cana-de-açúcar neste ano.

O novo levantamento do faturamento das lavouras mostra uma expansão de 5,14% no VBP da soja, de R$ 43,11 bilhões para R$ 45,32 bilhões. Mas no milho, houve recuo de 8,17% no faturamento bruto - de R$ 16,72 bilhões para R$ 15,35 bilhões. E isso mesmo com a produção adicional de 3,2 milhões de toneladas (+6,2%) na atual safra, a 2009/10.

Em outras culturas há situações díspares. No algodão, o faturamento deve aumentar 2,87%, para R$ 3,1 bilhões, mas o preço médio deve recuar 3,5% neste ano. No arroz, a situação é mais delicada. Com preços médios 7,4% inferiores a 2009, a receita deve contrair-se 16,4%, para R$ 7,36 bilhões neste ano. Na laranja, o VBP pode crescer 2,25%, mas o preço médio deve recuar 0,8%.
Fonte: Valor Econômico

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