sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Por um mercado ‘robusto’

Há muito tempo o café encanta os brasileiros. A planta da família botânica Rubiaceae, teve sua primeira descrição datada do século 18 e hoje estima-se que existam cerca de 25 espécies principais, algumas oriundas da África e outras de algumas ilhas do Oceano Índico.

Dentre tantas espécies, as mais importantes para a economia do Brasil, atualmente o maior produtor de café do mundo, são o Arábica (Coffea Arábica), que representa mais de 70% da produção nacional e o Robusta (Coffea Canephora), que começa a ganhar maior destaque na economia cafeeira.

A espécie Robusta é mais precoce, mais resistente e mais produtiva que a Arábica. Ela é cultivada em terrenos baixos, com plantas de maior envergadura e a quantidade de cafeína presente também é maior (fica entre 2% e 4,5%). O termo Robusta provém de uma variedade cuja árvore tem frutos arredondados e que demoram até 11 meses para amadurecer.As sementes desta espécie são ovais e menores que a da espécie Arábica.

O café Robusta é encontrado na África Ocidental e Central, no Sudeste Asiático e em algumas extensões do Brasil, onde é conhecido como Conilon (nome dado a uma das variáveis da espécie). No Brasil, o maior produtor deste tipo de grão é o Estado do Espírito Santo, que este ano deve produzir 7.330 sacas, o que equivale a 73,83% da produção cafeeira do estado, o que indica um crescimento de 7,13% na produção do Conilon com relação ao ano passado.

Os dados são da terceira estimativa de safra do café, divulgada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em setembro deste ano.

Dando continuidade ao ranking nacional de produção do Café Robusta, segue o Estado de Rôndonia no segundo lugar, com produção para este ano estimada em 2.338 sacas de café desta espécie e por Bahia, que este ano deve produzir 2.295,9 sacas de café, das quais 544,8 são de Conillon.

Panorama – Embora ganhe cada vez mais força no cenário econômico nacional e internacional, o café Robusta ainda é menos valorizado que o Arábica. As vantagens do Conilon não são poucas, como explica o Diretor Executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) e Presidente do Sindicato da Indústria de Café do Estado de São Paulo (Sindicafé), Nathan Herszkowicz.

“Esta é uma variedade que vem ganhando muito espaço no Brasil e no mundo atualmente. De todo o café produzido no Brasil e no mundo, 35% é de café Robusta. É uma variedade que traz muitos ganhos aos produtores. No Espírito Santo, por exemplo, os produtores de café robusta vem obtendo mais lucros que os de café Arábica, ou seja, é um produto mais barato, que dá mais lucros. Tem um mercado muito bom”, afirma.

Herszkowicz explica ainda porque o café Robusta é menos valorizado economicamente que o Arábica. “Isso se deve a um parâmetro estabelecido pelo mercado mundial. Nas bolsas onde são negociados (o arábica na de NY e o Robusta na de Londres), os preços praticados com relação ao café Robusta são menores. Além disso, os custos de produção do café arábica são maiores”, destaca.

Para o diretor da Abic, um grande passo para o crescimento econômico do café Robusta seria sua chegada ao Estado de São Paulo, o maior pólo econômico do Brasil. No entanto, tudo o que existe hoje são alguns testes no oeste paulista.

“O que está se fazendo são experiências pequenas, mas nada de chegada com força ainda. Seria importante que essa experiência desse certo, já que o Estado de São Paulo possui a maior indústria de torrefação de café do Brasil”, conclui Herszkowicz.
Fonte: Revista Panorama Rural – Edição de Outubro de 2010

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