A redução do café no Paraná preocupa o setor. Líder nacional nos anos 1960, o Estado cultivava 1,6 milhão de hectares, área reduzida para 600 mil nos anos 1980 e para apenas 170 mil em 2000.
Com a possibilidade de a área cair para um patamar inferior a 100 mil hectares, os órgãos relacionados ao setor montaram um programa de recuperação de área. A meta era atingir 140 mil hectares em cinco anos.
A baixa adesão ao programa, que era destinado à agricultura familiar, não impediu a continuidade da queda de área, que é atualmente de 94 mil hectares.
O problema dessa redução de área é um desestruturamento da cadeia produtiva em algumas regiões do Estado, diz Francisco Barbosa Lima, da SFA (Superintendência Federal de Agricultura) no Paraná. Grandes exportadores estão desativando escritórios e pequenas torrefações podem ter problemas de abastecimento.
Armando Androcioli Filho, do Iapar (Instituto Agronômico do Paraná), diz que essa desestruturação vai afetar o pequeno produtor, principalmente os que estão em áreas mais distantes das principais áreas produtoras.
Sem estrutura de comercialização no município, o produtor perde contato com o comprador, principalmente pelo pequeno volume que comercializa.
A cafeicultura está em 200 municípios paranaenses -ou seja, em metade do Estado-, mas em apenas um quarto deles a atividade é importante, diz Paulo Sérgio Franzini, do Deral (Departamento de Economia Rural).
Segundo ele, a cafeicultura poderia crescer no Estado se houvesse incentivos aos pequenos e médios produtores. "Hoje, 85% dos produtores são pequenos, mas basta o produtor ter um funcionário para ficar fora do Pronaf (programa que financia os produtores familiares).
Apesar da redução de área no Estado, a produção cresce. "Há um foco de resistência no Estado, de um grupo entusiasmado", diz Barbosa.
Em 1994, a cafeicultura ocupava 190 mil hectares, com produção de 2 milhões de sacas. Neste ano, apesar de a área estar em apenas 94 mil hectares, a produção chegou a 2,1 milhões de sacas.
Líder - O Brasil já é o líder na produção e exportação de café produzido com certificação, rastreabilidade e conforme as boas práticas, afirma Eduardo Sampaio, da certificadora UTZ do Brasil.
Quanto é - As vendas externas de café com certificação somam 1,3 milhão de sacas, mas o país já produz 3,5 milhões, o que representa 7% da produção nacional, segundo Sampaio.
Perigo Brasil e Vietnã detêm 24% da área mundial de café e 52% da produção. A produtividade média nos dois países é de 22 e 28 sacas por hectare, respectivamente. Nos demais, essa média cai para 8 sacas por hectare. Qualquer problema sério nos lideres de produção afeta seriamente o abastecimento, segundo Sampaio.
Leilões Ainda neste mês o governo voltará a colocar café em leilão. O custo será à taxa de 6,75% ao ano via FAC (Financiamento para Aquisição de Café). Os recursos vêm do Funcafé.
Incentivos A Apex (agência do governo para a promoção das exportações) e a Abic (Associação Brasileira da Indústria de Café) vão desenvolver novo programa de incentivo às exportações. A linha de financiamento será de R$ 5 milhões para dois anos, com foco em pequenas empresas. O consórcio assume os problemas da parte comercial da operação.
Lavazza O presidente da Abic, Almir José da Silva Filho, diz que a entrada da multinacional Lavazza na produção de café torrado e moído é importante para o mercado. Ela atua em escritórios, bares e restaurantes onde a qualidade do café precisa ser melhorada.
Novos tempos Nos anos 1970, a produção média de cafés com defeito representava apenas 8% da produção total. Atualmente, são 25%. Esse aumento se deve ao elevado custo de produção, que obriga à utilização de máquinas e a um número menor de colheita seletiva, segundo Silva Filho.
Fonte: Folha de São Paulo
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