quarta-feira, 24 de novembro de 2010

CAFÉ: Análise sensorial e falta de estrutura preocupam

Nas rodas de conversa durante o 18.° Encafé o que mais deixava inseguros os torrefadores era o fato de ficar à mercê da subjetividade da análise sensorial da qualidade da bebida. Tal análise será feita por empresa credenciada pelo Ministério da Agricultura, cujos profissionais terão de passar pelo curso de classificador e degustador de café torrado e moído. Serão esses profissionais que definirão se o café posto à disposição do consumidor - cujas amostras serão recolhidas pelos fiscais do Ministério nas gôndolas dos supermercados - tem qualidade mínima de bebida de 4 pontos.

Durante o Encafé houve degustação de café nível 4, uma bebida bastante ruim. E o que é posto à disposição do consumidor, hoje, não é uma bebida muito acima disso. "Se o fiscal do Mapa desclassificar meu café por meio de uma análise que é essencialmente subjetiva a quem recorrer? O nível de tolerância é ínfimo", preocupa-se um torrefador, acrescentando que a intenção é tentar reverter, na IN, a desclassificação por qualidade da bebida.

Outra questão que ficou clara e o próprio Ministério da Agricultura admitiu é que o órgão ainda não está adequadamente aparelhado, e nem estará em fevereiro, para efetivamente começar a fiscalizar, classificar e multar quem produzir café fora dos padrões. Ainda não há classificadores e degustadores formados e credenciados para o torrado e moído e o Ministério busca parcerias de laboratórios já existentes para analisar os teores de impureza do produto. "Num país do tamanho do Brasil não é possível, realmente, começar desde já pela punição", tenta acalmar os ânimos o diretor do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal (Dipov), do Mapa, Maçao Tadano. Segundo Almir da Silva Filho, presidente da Abic, ainda tentou-se adiar a vigência da IN16 por isso, sem sucesso. Do lado dos classificadores, outra dúvida: se profissionais que atuam com café verde poderão se credenciar para classificar e degustar café torrado e moído, já que, apesar da experiência na área, alguns não são agrônomos, como exige a nova legislação. Outro imbróglio a ser resolvido até fevereiro.
Fonte: O Estado de São Paulo

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