terça-feira, 27 de julho de 2010

Pesquisa com o Conilon

O Espírito Santo pode ganhar novas variedades do café conilon. É que o Programa de Melhoramento Genético para o Café Conilon do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), está em fase de pesquisa e desenvolvimento de novas variedades clonais, que deverão ser lançadas nos próximos três anos. Essas cultivares têm potencial para apresentarem alta produtividade, maior tolerância as doenças e qualidade superior de bebida.

O pesquisador do Incaper e coordenador do programa de cafeicultura no Estado, Romário Gava Ferrão, diz que o objetivo é contribuir para que o conilon continue sendo uma das principais atividades de emprego e renda do Estado. “Essa pesquisa é muito boa. A nossa intenção em lançar variedades mais resistentes do conilon é aumentar a produtividade média do café e conseguir ter uma cafeicultura sustentável”, afirma Ferrão.

Depois do avanço na produtividade do café conilon, conquistada nos últimos anos, agora, o Espírito Santo busca melhorar também a qualidade do produto. Com a possibilidade das novas variedades apresentarem melhor qualidade de bebida, o mercado capixaba pode ser beneficiado. Na opinião do superintendente do Centro de Desenvolvimento Tecnológico do Café (Cetcaf), Frederico de Almeida Daher, essa pesquisa pode ser favorável do ponto de vista mercadológico. “É importante a procura de materiais genéticos com qualidade elevada, melhor sabor, maior produtividade, grãos com menos cafeína e maiores substâncias benéficas a saúde. O mercado está cada vez mais exigente com relação a qualidade e preço do produto. A nossa preocupação é com a rentabilidade do produtor”, destaca o superintendente.

Mas é bom lembrar que as novas variedades ainda estão em fase de pesquisa, e não há uma data definida para ser lançada no mercado. Os estudos desses novos clones do conilon estão sendo feitos desde 1985 e a espera pode ter uma recompensa. “Se a primeira variedade tinha produtividade média de 54 sacas sem irrigação, as próximas devem passar de uma média de 80 sacas sem irrigação”, afirma Romário Ferrão.

Clones no mercado

Os últimos estudos feitos pelo programa de pesquisa do Incaper comprovam os bons resultados para a cafeicultura capixaba. Seis variedades do conilon já formam hoje mais de 40% das lavouras do Estado. Dessas variedades desenvolvidas, cinco são clonais e uma é propagada por sementes.

Durante os estudos, os pesquisadores buscaram nos novos clones, a obtenção de cultivares com alta produtividade, estabilidade de produção, adaptadas as condições de clima e solo do Espírito Santo. Também foram pesquisadas qualidades como tolerâncias a seca, pragas e doenças, além de grãos grandes, arquitetura de planta adequada para viabilizar o adensamento e facilitar o manejo da cultura, uniformidade de maturação e qualidade superior do produto final e da bebida.

As pesquisas promoveram o lançamento e Registro no Serviço Nacional de Proteção de Cultivares (MAPA) das variedades: Emcapa 8111 (maturação precoce), Emcapa 8121 (maturação intermediária), Emcapa 8131 (maturação tardia), Emcapa 8141 - Robustão Capixaba (tolerante a seca), Incaper 8142 - Conilon Vitória e Emcaper 8151 – Robusta Tropical. Com exceção da última citada, as demais são variedades clonais. As variedades clonais são mais indicadas para produtores mais tecnificados.

De acordo com a pesquisadora da Embrapa Café/Incaper, Maria Amélia Gava Ferrão, para lançar essas variedades os pesquisadores estudaram mais de mil clones originados de plantas superiores, aproveitando a variabilidade genética existente nas lavouras dos produtores do Estado. “As avaliações são feitas em três diferentes regiões do Estado: Marilândia, Cachoeiro de Itapemirim e Sooretama. São consideradas mais de 15 características agronômicas, associadas à produtividade e a qualidade final do produto, por no mínimo quatro colheitas com e sem irrigação”, explica a pesquisadora.

As pesquisas têm promovido avanços históricos para o Estado. Segundo o diretor-presidente do Incaper, Evair Vieira de Melo, as novas variedades, associadas a outras tecnologias, como adubação, poda e irrigação, proporcionaram nos últimos 15 anos um aumento de mais de 220% na produção e na produtividade média do Espírito Santo.
Fonte: Revista Campo Vivo

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