De olho em um consumidor cada vez mais exigente e na proliferação das maquinas de espresso domésticas entre a classe média, o Brasil pretende marcar presença no segmento de cafés finos. A verba que o Ministério da Agricultura destina para divulgação do café "made in Brazil" vem crescendo ano a ano. Foi de R$ 800 mil no ano passado e de R$ 1,5 milhão em 2010. Para 2011, a Agricultura orçou R$ 10 milhões e, mesmo após o corte da Fazenda, conseguiu assegurar R$ 5 milhões. "Queremos uma presença maior no exterior", disse o diretor do Departamento de Café do Ministério da Agricultura, Robério Silva. A estratégia, de acordo com ele, não é apenas salientar que o Brasil é o maior produtor e exportador de café mundial, mas mostrar que há uma gama diversificada do produto, com ênfase nos cafés de alta qualidade.
O diretor acabou de voltar de Genebra, onde participou de evento sobre café, e se prepara para viajar novamente, desta vez para Houston, no Texas, Estados Unidos, com o mesmo propósito. Para o presidente do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), Guilherme Braga, mesmo crescente a verba pública para difundir o café do Brasil ainda é pequena. "Esses números são ridículos. É importante que estejam crescendo, mas não se pode dizer que vão alavancar o volume de vendas", considerou. A receita cambial com exportação de café (verde, solúvel, torrado e moído) aumentou 20% de janeiro a setembro em relação ao mesmo período do ano passado, atingindo US$ 3,693 bilhões. O volume exportado no período foi de 22,8 milhões de sacas de 60 quilos, o que representou um crescimento de 2% sobre 2009 - grande parte cafés do tipo robusta, de menor qualidade.
Não há dúvidas, de acordo com Braga, de que a tendência é de crescimento das vendas, principalmente dos cafés chamados "especiais", que possuem maior valor agregado. "O consumidor está mais exigente, e também disposto a pagar um pouco mais pelo produto de boa qualidade." O diretor do Cecafé estimou que as vendas dos cafés finos ou de melhor qualidade representem de 15% a 20% das exportações totais. Apesar da fatia ainda ser pequena, salientou, é considerável tendo em vista que há 10 anos o Brasil praticamente não vendia esse tipo de produto no exterior.
Além do Ministério da Agricultura e do setor privado, que se empenham no marketing internacional do produto, a Agência Brasileira de Promoção de Exportação e Investimentos (Apex-Brasil) também tem ampliado a atuação no exterior. Uma das mais recentes campanhas foi a da fórmula Indy, nos Estados Unidos, totalmente voltada para o tema "Cafés do Brasil". "Em 20 anos, nunca tivemos isso", comemorou o coordenador de Projetos Setoriais da Apex, Juarez Leal. "Os Estados Unidos são o mercado prioritário para nós", acrescentou. Mas países como Japão e os do Norte da Europa mostram cada vez mais interesse e aceitação do produto brasileiro, conforme o coordenador.
Como a agência não trabalha com commodities, o foco da atuação no caso dos cafés é o produto de maior qualidade, premium e especiais. O lado bom de trabalhar com o café, segundo Leal, é a aceitação do produto no exterior. "Os importadores brigam a tapa pelo café brasileiro", exagera. Mesmo assim, de acordo com ele, ações de marketing são necessárias porque a maior parte das vendas nacionais ainda é do café tipo robusta, o que apresenta menor qualidade. Por isso, não há segredo, explica o coordenador da Apex: "Quem quer vender tem de estar lá fora. É preciso mostrar a qualidade do produto", considerou. Até porque muitas vezes, disse Leal, o importador tem mais interesse na "história do produto" do que necessariamente no produto em si. E alguém precisa contá-la.
Fonte: Só Notícias
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