Através da técnica da encostia, uma mesma planta de café fica com duas raízes e aumenta taxa de crescimento
Um novo sistema de enxertia do cafeeiro permite, através da técnica da encostia, que uma mesma planta tenha duas raízes. A tecnologia, simples e barata, aumenta a taxa de crescimento da muda e a torna mais resistente a nematóides, especialmente nas áreas com infestação por Meloidogyne incognita. Pesquisadores da Fundação Procafé estudam o sistema há quase dez anos com o objetivo de substituir a enxertia por garfagem em cunha, bastante utilizada no Brasil. O método inovador é um dos temas do 36° Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras, que acontece de 26 a 29 de outubro, em Guarapari (ES).
A principal diferença do novo sistema de enxertia é a pouca exigência de cuidados especiais. Enquanto a garfagem em cunha, feita com mudas no estágio de palito-de-fósforo, exige habilidade do enxertador e atenção com a umidade para um bom pegamento, a técnica por encostia elimina esses problemas. De acordo com o agrônomo José Braz Matiello, à frente das pesquisas, a principal característica da técnica é a simplicidade.
— O novo sistema vai eliminar esse problema de pegamento. A gente pega a sacolinha e planta duas sementes próximas, uma que vai ser o enxerto e outra que será o porta enxerto. Nos experimentos, nós utilizamos uma muda do arábica e outra do robusta. Quando elas atingem o estágio do primeiro para o segundo par de folhas, com mais ou menos dez centímetros de altura, a gente faz o que a gente chama de encostia. Corta uma beirinha de uma e de outra, encosta as duas mudas e dá um nozinho com uma fita biodegradável ou um pregador de roupa. Após trinta dias, aquilo cola e forma uma muda. A parte que é do robusta em cima, que a gente não quer, a gente corta e então fica só a parte de baixo. A novidade é que a gente deixou a planta com uma parte aérea e duas raízes. Uma arábica e outra robusta — explica.
O resultado, segundo o pesquisador, é um aumento considerável da taxa de crescimento da planta. O sistema radicular do arábica absorve mais os nutrientes da parte de cima do solo e o do robusta se alimenta dos nutrientes que ficam mais abaixo. Isso faz com que a planta tenha melhor absorção de água e, consequentemente, nutrientes. Ainda de acordo com Matiello, a muda pega mais fácil no sistema novo que no sistema normal, em viveiro.
O nova técnica não exige cuidados especiais com ambiente úmido porque as duas mudas continuam se desenvolvendo sem qualquer estresse, já que contam com suprimeiro de água e nutrientes através de seus sistemas radiculares.
A próxima etapa da pesquisa é a realização de experimentos em nível comercial. O primeiro plantio de grande porte será feito esse ano, em um viveiro montado na Zona da Mata, com capacidade para cem mil mudas. Nessa etapa, a Fundação Procafé fará os experimentos em parceria com a Embrapa. Na opinião de Matiello, os resultados promissores vão fomentar estudos semelhantes em outras regiões, para que se comprove a eficácia e a viabilidade da técnica. Informações do Portal Dia de Campo.
Fonte: Revista Cafeicultura
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