Agora, com o clima seco, produção diminuiu e pode comprometer os resultados também da próxima safra.
Os preços do café atingiram recentemente o maior patamar dos últimos 13 anos, mas a maioria dos produtores não deve ser beneficiada. Eles venderam o café a preços inferiores aos atuais. Agora, com o clima seco, a produção diminuiu e pode comprometer os resultados também da próxima safra.
A colheita da safra 2009/2010 do café está avançada. A Conab calculou a produção brasileira em 47 milhões de toneladas, o melhor resultado dos últimos dez anos. Mesmo assim, os preços vêm batendo recorde.
De acordo com o Cepea, o preço médio praticado em agosto ficou em R$313,93 a saca de 60 quilos. O aumento foi de 3,8% em relação ao valor registrado em julho e de 22,1% se comparado ao mesmo período do ano passado.
No mercado internacional, as cotações também atingiram na última semana o maior patamar dos últimos treze anos. O analista Eduardo Carvalhaes explica os motivos da disparada dos preços. Os estoques mundiais de café estão muito baixos e a produção vem crescendo menos do que o consumo.
A Colômbia, segundo maior produtor mundial, foi afetada pelas fortes chuvas que reduziram a produtividade.
— As condições complicadas na Colômbia e na América Central auxiliam a cafeicultura brasileira — diz o analista.
Já no Brasil, o problema é a seca que vem prejudicando os cafezais. Para o analista, se a estiagem continuar, pode até faltar café no mercado.
— A próxima safra brasileira não vai ser suficiente para nossa necessidade de consumo e exportação. Se essa seca persistir por mais 20 dias, 30 dias, então não sei o que acontece. Com a seca até o momento – os próprios agrônomos dizem que já temos algum dano para a próxima safra. A situação é delicada e a tendência é dos preços subirem e o produtor deve trabalhar com cuidado. O produtor de café, se ele perceber que o preço atual é pico de mercado e não um novo chão de mercado, duvido que ele vai investir em novas plantações de café — explica Carvalhaes.
O analista Fernando de Souza Barros concorda. Os produtores até tiveram uma boa colheita, mas fizeram a venda antecipada, não conseguiram aproveitar o preço alto e a perspectiva para o ano que vem também é pessimista.
— Nos últimos quatro ou cinco anos, eles têm feito isso e tem dado certo. Ocorre que uma hora se você vendeu acima de 20%, 25% estourando, daquilo que você vai colher no ano seguinte, você passa a correr risco, do tipo que nós estamos passando hoje. Além de entregar o café nos níveis que pactuou anteriormente, seja PCR, seja vendendo termo, para entregar e receber o dinheiro, ele não vai ter renda para tocar a lavoura durante os próximos dois anos — avalia Barros.
O cafeicultor brasileiro tem outra dificuldade. Os recursos do Funcafé, que seriam utilizados para o custeio da colheita e estocagem, não chegaram para a maioria dos agricultores. O dinheiro já deveria ter sido liberado, mas problemas com os bancos atrapalharam o repasse da verba.
— Ainda tem R$ 1 bilhão para serem aplicados e eles têm dificuldade de repassar isso para os bancos, que recebem 4,5% ao ano para aplicar e mesmo assim tem aplicado dinheiro dele junto ao produtor. É um dinheiro que deveria ter saído em maio, no início da safra. Essa taxa de 6,75% com financiamento de R$ 261 por saca, vai fazer com que o pequeno produtor tenha condição de fazer uma renda melhor e enfrentar esse problema climático que nós estamos tendo aí e que tem agravado em diversas regiões a safra de café para o ano que vem — explica Barros.
Fonte: Canal Rural
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