Todos os dias são criadas novas tecnologias em diversas áreas do mercado. Aliada a estas criações, cresce a consciência ambiental da população e das empresas. Cada vez mais é exigido um comportamento que cuide da natureza na hora de desenvolver tecnologias. Porém, os investimentos para pesquisas com esta preocupação ainda são mais caras que os para as pesquisas tradicionais.
O Brasil, como vários outros países, trabalha na sustentabilidade das tecnologias. Entretanto, algumas dificuldades são enfrentadas na hora de implantar programas sustentáveis. O secretário de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável do Ministério do Meio Ambiente, Egon Krakhecke, fala sobre os entraves econômicos. "Trocar o modelo atual precisa de um estímulo muito forte, caso contrário não será viável implantar um modelo sustentável", explica Egon.
MÃO DE OBRA
A presidente da Associação Brasileira das Instituições de Pesquisa Tecnológica (Abipti), Isa Aseff, ressalta que falta mão de obra especializada para desenvolver tecno logias sustentáveis. "Sem mão de obra sustentável fica difícil trabalhar mais a fundo a questão de novas tecnologias", explica a presidente.
A implantação de um novo molde sustentável pode ser um bom negócio para o mercado de trabalho. "A criação de novas tecnologias cria mais empregos, pois demanda mais mão de obra", pondera Isa Aseff. A especialização na área é uma carreira promissora devido à grande demanda por profissionais competentes e especializados para esta função. "Na Amazônia, por exemplo, existem diversos projetos. Além de preservar o meio ambiente, estas ações acabam gerando emprego para muitas pessoas", exemplifica a presidente.
Mas esta não é a única barreira que as pesquisas enfrentam. Interesses econômicos nem sempre convergem para a sustentabilidade. "Não podemos ignorar a necessidade de preservar, infelizmente estas tecnologias sustentáveis ainda são mais caras. Isto dificulta sua implantação", avalia Isa Aseff. Os custos são de fato mais elevados para se investir nas tecnologias verdes. Na construção civil, por exemplo, segundo especialistas, uma obra com materiais sustentáveis pode sair 30% mais cara que uma obra não sustentável.
"A economia se sobrepões a outras áreas, dentre elas a sustentabilidade", explica Egon. Ele também pondera que o desafio de enfrentar o aquecimento global não é só brasileiro. "Os principais responsáveis pelo aquecimento global são os países desenvolvidos, em especial os Estados Unidos. Eles devem ser os estimuladores para esta consciência de preservação por todo o mundo", ressalta o secretário.
Petróleo alternativo
Várias empresas enfrentam as dificuldades econômicas e implantam a sustentabilidade às suas produções. Um exemplo desta iniciativa é a Empresa Brasileira de Agropecuária (Embrapa) que desenvolve diversas pesquisas para preservar e conservar a natureza.
Um produto desta iniciativa é o biodisel que a empresa testou recentemente em um avião da companhia aérea TAM. O biocombustível é feito a partir do óleo do pinhão-manso. Segundo dados da Embrapa, o transporte aéreo do mundo é responsável por aproximadamente 2% dos gases que agravam o efeito estufa. A previsão é de que os biocombustíveis passem a ser utilizados regularmente no cotidiano aéreo dentro de cinco anos.
Ele tem em sua composição 50% de óleo de pinhão-manso, o que diminui a poluição produzida, explicam os pesquisadores. Além disso, a iniciativa traz benefícios econômicos e sociais relevantes. A matéria prima do óleo vem de projetos de agricultura familiar e empresarial e a fruta não é comestível.
Cabos podem ser reciclados
A extração de minérios é um exemplo de ação que agride a natureza. Por exemplo, para produzir uma tonelada de cobre, se gastam 190 toneladas de minérios. Tendo consciência desta agressão a empresa Furukawa, com sede localizada em Curitiba, iniciou uma campanha para reciclar cabeamentos usado.
Os cabos são feitos de PVC, polietileno e cobre. Todas estas matérias podem, e são, aproveitadas na reciclagem. "Estes materiais são tóxicos, além de gastarem muitos recursos naturais para serem produzidos", explica o gerente de engenharia da Furukawa, Dário de Menezes. Ele complementa que 103 empresas já aderiram ao programa, algumas do Distrito Federal.
O processo funciona da seguinte maneira: primeiro a empresa manifesta interesse em recolher o cabeamento para a reciclagem. Em seguida, a Furukawa envia uma bag para o material a ser recolhido. Quando o recipiente fica cheio, ele é enviado para a sede, onde é direcionado para fábricas de reciclagem. Ao término do processo, a empresa que enviou os cabos recebe um certificado e bônus, normalmente em produtos. Esta ação atinge todo o Brasil e já dura cerca de dois anos. O nome deste programa é Green IT.
SAIBA +
Nos dias 24 e 25 de novembro aconteceu o 6º congresso da Associação Brasileira das Instituições de Pesquisa Tecnológica (Abipti).
O tema escolhido nesta edição pela associação foi a pesquisa tecnológica para o desenvolvimento sustentável.
As palestras contaram com a presença de vários especialistas na área da Ciência e Tecnologia, como, por exemplo, o ministro Sergio Machado Rezende.
Fonte: Jornal de Brasília/ Renata Rios
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