A guinada conservadora da política norte-americana nas eleições parlamentares de novembro, quando os republicanos tomaram o controle da Câmara de Deputados, fez com que grupos de imigrantes latinos no país começassem a pensar em uma proposta política unificada que defendesse seus interesses. Já que o conservadorismo havia encontrado no Tea Party um novo front político, e que mesmo os democratas não haviam correspondido ao apoio dos hispânicos, eles passaram a cogitar a criação de um partido próprio – o Coffee Party, ou Tequila Party.
Segundo Fernando Romero, organizador de um grupo político voltado a latinos no Estado de Nevada, a ideia tem sido discutida por 300 grupos de imigrantes hispânicos em todo o país. “Percebemos o êxito do Tea Party ao chamar atenção para sua plataforma política e passamos a achar que poderíamos ganhar mais atenção e força se criássemos um grupo nosso”, disse, em entrevista ao G1.
“Em princípio, a ideia era que o partido se chamasse Coffee Party (partido do café), por ser o oposto do Tea Party (partido do chá) e pelo fato de o café ser uma símbolo da nossa comunidade latina. Algumas pessoas do grupo deram a ideia de chamar Tequila Party, que também seria interessante”, explicou.
Romero disse ainda que todo o projeto está ainda sendo discutido e que não há nada prático. Segundo ele, um partido voltado aos interesses dos imigrantes latinos teria espaço também para os brasileiros que vivem no país. “Os brasileiros vão estar incluídos em nossa luta política”, disse.
Força política
A perda do controle da Câmara pelos democratas representou uma enorme perda para os latinos que vivem nos Estados Unidos, que têm uma ligação e uma preferência pelo Partido Democrata, mais afeito a sua causa, explicou ao G1 o professor Carlos Muñoz Jr., pesquisador de estudos étnicos e política na Universidade da Califórnia em Berkeley.
“É preciso que se registre, entretanto, que os democratas tiveram domínio total do Congresso americano por dois anos e não fizeram absolutamente nada pelos imigrantes. É pior ter republicanos lá, mas os democratas não ajudaram muito também”, disse. Segundo o pesquisador, do ponto de vista eleitoral, os hispano-americanos são cada vez mais importantes e foram em grande parte responsáveis pela eleição de Obama em 2008. “Em eleições parlamentares, entretanto, essa força se destaca menos, e os latinos não fazem tanta diferença.”
Para Muñoz Jr., a política norte-americana de fato precisa da criação de um novo partido, mais à esquerda, que incorpore a maior parte desses imigrantes latinos, mas que seja mais amplo e multirracial, pensando nacionalmente. “Não acho que um partido só para latinos seja viável. Ainda por conta desse nome ridículo, Tequila Party, que parece incentivar o alcoolismo”, disse.
Segundo ele, os imigrantes latinos não são um grupo homogêneo que possa ser reunido sob um partido. Eles até são segregados da sociedade, mas não são homogêneos, não concordam em tudo politicamente. “Além disso, um número imenso desses imigrantes são ilegais e não têm direitos políticos.”
Fonte: G1
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