domingo, 21 de fevereiro de 2010

Falta de chuva compromete safra de café


Em Brejetuba, das 350 mil sacas esperadas, a perda já é de pelo menos 87.500, o que corresponde a 25% da safra do município

A escassez de chuva dos últimos meses no Estado já provocou perdas de pelo menos 20% na produção de cafés arábica e conilon no Espírito Santo.

Técnicos agrícolas e produtores afirmam que os prejuízos são irreversíveis e, se não chover nos próximos dias, a situação poderá se complicar ainda mais.

A engenheira agrônoma da Prefeitura de Brejetuba, maior município produtor de café arábica do Estado, Clarinda Morgan, afirma que, das 350 mil sacas esperadas para este ano, a perda já é de pelo menos 87.500 unidades, o que corresponde a 25% da safra do município.

“É muito triste andarmos nas lavouras de café e vermos essa situação. Estamos muito preocupados. E, se não chover nos próximos dias, o prejuízo do produtor poderá ser ainda maior. A qualidade do café também está comprometida, pois a planta não teve a água que necessitava para engrossar os grãos no período correto.”

Segundo ela, a safra do próximo ano também já foi prejudicada.

“Meu pai tem 94 anos e diz que nunca viu um tempo tão quente” Ivan Caliman, presidente da Cooperativa dos Cafeicultores das Montanhas do Espírito Santo

“A qualidade do café também está comprometida” Clarinda Morgan, engenheira agrônoma



“Com essa seca, as lavouras sofrem um estresse muito grande. Isso prejudica a safra do próximo ano, pois as plantas têm de se recuperar”, enfatizou.

Em Marechal Floriano, produtores já falam em prejuízos de até 30% em determinadas lavouras.

Em Venda Nova do Imigrante, de acordo com o técnico Fabiano Tristão, do escritório do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), as lavouras mais novas são as mais castigadas. “Só em Venda Nova, perdemos 30% da produção de arábica, o equivalente a 15 mil sacas diretamente”, afirma.

Além do prejuízo direto da produção, o cafeicultor também terá uma redução significante em relação aos cafés especiais, que agregam cerca de R$ 100 por saca beneficiada. “O ganho do café é a qualidade. Meu pai tem 94 anos e diz que nunca viu um tempo tão quente”, diz o produtor Ivan Caliman, presidente da Cooperativa dos Cafeicultores das Montanhas do Espírito Santo (Pronova).

No Norte do Estado, a safra do conilon também terá uma redução de pelo menos 20%. É o que afirma o engenheiro agrônomo da Cooperativa Agrária dos Cafeicultores de São Gabriel (Coabriel), Cristiano Cezana Contarato.

Se comparado à estimativa da Conab da produção no Estado, a safra de conilon terá uma redução de cerca de 1,7 milhão de sacas.

Medidas para diminuir prejuízo de agricultor

Os agricultores que comprovadamente registrarem perdas na produção agrícola, devido ao longo período de estiagem, terão prorrogadas as quitações de débitos oriundos de crédito rural.

A Secretaria de Estado de Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag), em conjunto com as Federações da Agricultura e Pecuária do Espírito Santo (Faes), organiza medidas junto às instituições financeiras que operam esta modalidade de financiamento.

Para comprovar os prejuízos, os produtores devem solicitar a emissão de um laudo técnico à unidade do Incaper do município.

A Seag também orienta as prefeituras a entrarem em contato com a Defesa Civil para analisar a necessidade de decretar Situação de Emergência. Neste caso o município tem facilidades para contratar serviços e comprar equipamentos ou produtos que possam colaborar com o abastecimento de água para consumo humano e com a alimentação animal.

“A cafeicultura foi a principal cultura atingida pela escassez de chuva no Estado. Estamos trabalhando em conjunto com as instituições financeiras para a prorrogação de débitos de crédito
rural para que nossos agricultores não fiquem desamparados neste período difícil”, enfatizou o secretário de Estado de Agricultura, Enio Bergoli.

“A falta de chuva diminuiu a produção das lavouras, principalmente no Norte do Estado, onde alguns grãos não chegaram nem a evoluir. Com isso, avaliamos um prejuízo de R$ 400 milhões para o Estado”, afirmou o diretor da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Espírito Santo (Fetaes), Clésio Brandão.
Fonte: Matéria de Julio Huber - Jornal A Tribuna

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