Consumida por 95% da população, bebida já acumula alta de 6,49% e deve ficar mais cara.
O Dia Nacional do Café é comemorado no Brasil nesta terça-feira, 24 de maio. Tradicional na mesa do brasileiro, o café que a dona de casa compra no supermercado e leva para casa já está 6,49% mais caro para o consumidor em 2011, de acordo com a inflação oficial do governo, e o preço deve ficar ainda mais amargo nos próximos meses.
Segundo o diretor executivo da Abic (Associação Brasileira da Indústria do Café), Natan Herszkowicz, a bebida, que é consumida por 95% da população brasileira, só está mais cara por causa da conjunção de fatores: redução dos estoques, alta do consumo e safras ruins.
Herszkowicz explica que o preço atual da saca de café no mercado internacional, cujo padrão é de 60 kg, mais que dobrou de valor e atingiu o “maior preço nos últimos 50 anos no mundo”.
- Os preços do café para o consumidor dependem muito do custo da matéria-prima, que é o grão do café. Os preços do grão aumentaram 123% nos últimos 12 meses. Em abril de 2010, uma saca de café de 60 kg custava R$ 250. Em abril de 2011, esse preço subiu para R$ 550.
Segundo o diretor da Abic, três motivos provocaram essa escalada no preço do cafezinho para o brasileiro: os estoques mundiais do grão, que estão muito baixos; o crescimento médio do consumo no país, entre 4% a 5% ao ano; e problemas climáticos em países produtores de café, como Colômbia, Costa Rica e Honduras.
- Desde o ano passado, existe uma demanda maior e uma oferta menor de grãos de café arábica de melhor qualidade, o que, junto com os estoques pequenos e consumo crescente, fez com que os preços da matéria-prima explodissem.
Apesar da alta acumulada no ano, ele explica que o produto poderia estar muito mais pesado no bolso do consumidor e só não está porque a indústria segurou os preços nos últimos anos.
- Na verdade, faz cinco anos que o café não sobe de preço para o consumidor. Se você pegar pesquisas de preços, você vai ver que o quilo custa cerca de R$ 10, meioquilo custa até R$ 5 o pacote. Desde o plano real, em 1994, o café subiu 52%, enquanto a cesta básica subiu 290%. Ou seja, o café ao longo do tempo ficou um produto barato para o consumidor.
No entanto, os preços não deverão se manter estáveis nos próximos meses. De acordo com Herszkowicz, a safra brasileira, que está começando, tende a ser menor que a do ano passado, então, a disponibilidade de grãos pode ficar apertada e, assim, os preços do café podem subir um pouco.
- A expectativa é que os preços do café em grão cru mantenham o nível que estão ou aumentem durante o ano, o que pode causar um aumento de preços para o consumidor. Nada que assuste ou atrapalhe o consumo porque, na nossa opinião, o café é um produto barato para o consumidor.