segunda-feira, 17 de maio de 2010

Super safra de café, bolso vazio para o produtor

Embora a Conab tenha anunciado estimativa positiva para a próxima safra, cafeicultores capixabas enfrentam baixos preços na venda do café. Queda dos valores do produto não chega ao bolso do consumidor

De um lado, o anúncio de que a estimativa da safra capixaba de café para este ano vai superar todas as expectativas de mercado. De outro, um dos momentos mais difíceis para o cafeicultor, que amarga preços achatados e crescimento dos custos de produção. Diferença que não chega às prateleiras dos supermercados.

Para a Federação da Agricultura e Pecuária do Espírito Santo (Faes) os bons números divulgados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e Incaper (Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural) mascaram a verdadeira realidade da cafeicultura capixaba, que enfrenta crise de preços de venda e custos de produção, que abocanham grande parte do valor de comercialização.

Segundo a Conab, espera-se que o Espírito Santo produza 11.031 sacas de café este ano, número considerado expressivo, levando-se em conta que o estado enfrentou forte estiagem no início de 2010. O presidente da Faes, Júlio Rocha Jr., defende que o aumento da produção aconteceu principalmente em decorrência de altos investimentos dos cafeicultores.

“Existem hoje no Estado, principalmente em Linhares e Jaguaré, lavouras altamente tecnológicas, que receberam grandes investimentos e por isso conseguem responder melhor à crise que a estiagem causou. Esse não é o caso da maior parte dos cafezais do Espírito Santo. Temos que exponenciar os feitos das pesquisas, mas precisamos apontar também que a cafeicultura enfrenta um momento muito difícil, que é o de queda nos preços. O produtor está gastando mais para produzir e ganhando menos com a venda. E de outro lado, o consumidor não sentiu diferença nos supermercados”, explica Júlio Rocha.

O último levantamento da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) aponta que o custo de produção do café de Santa Tereza, por exemplo, responde por 84,9% do valor de vendo do produto. Ou seja, o produtor lucra apenas R$ 41,44 por saca de café comercializada.

As sacas de café capixaba estão sendo vendidas a preços muito inferiores ao valor do ano passado. Em 2009, a saca do Conilon tipo 7 chegou a custar, em média, R$ 215. Este ano não passou dos R$ 167. Valor que não cobre os gastos do produtor rural, com insumos e mão de obra. Houve acréscimo de aproximadamente 30% no custo da colheita do café. Valor decorrente da elevação do preço da mão de obra, dos produtos e dos investimentos em tecnologias para a melhoria da produção.

“O valor que recebemos pela saca de café não é suficiente para cobrir os gastos de nossa produção e não rende capital de giro para trabalharmos uma próxima colheita”, conta o cafeicultor, Antônio José Baratela.

Segundo Baratela, a seca reduziu a qualidade do café produzido, o que significa perda de produção. “O volume da produção pode ser atingido, mas o peso da saca não será alcançado como antes. O produtor vai ter que colocar mais grãos em uma mesma sacaria para atingir os 60 kg”.
Fonte: Iá! Comunicação.

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